Carnes desenvolvidas através de células-tronco poderão, em breve, estar em um supermercado perto de você
Um quarto de milhão de euros parece muito para se pagar por um hambúrguer, mas este será o custo de um deles em outubro de 2012. O hambúrguer em questão vai ser tão caro porque será feito a partir de carne fabricada em laboratório.Mark Post, que trabalha na Universidade Eindhoven, na Holanda, é um dos responsáveis pela pesquisa e pertence a um grupo de pessoas que espera interromper uma das mais antigas culturas da humanidade, a criação de animais para consumo. Na verdade, eles desejam não apenas sabotá-la, como destrui-la.
A criação de animais é um processo que consome muitos recursos. Cerca de 30% das terras livres de gelo em todo o planeta são usadas para esta finalidade. No entanto, dos nutrientes das plantas que os animais consomem, apenas 15% são transformados em carne. À medida que a população humana cresce e fica mais rica, a demanda por carne aumenta. Post espera satisfazer pelo menos parte desta procura criando a carne em labotatório e encontrando uma maneira de converter cerca de 50% dos nutrientes em algo que as pessoas possam comer.
Por enquanto, o estudo não está exatamente um filé. A carne cultivada a partir de células-tronco, são folhas de três centímetros de comprimento, largura de 1,5 cm e meio milímetro de profundidade. Parar torná-lo um hamburguer, cerca de 3 mil unidades seriam necessárias.
As células-tronco são extraídas de músculo bovino e, em seguida, multiplicadas um milhão de vezes antes de serem colocadas em placas de Petri e se transformarem em células musculares. Depois, elas são incentivadas a se exercitar e se fortalecer com pedaços de velcro onde elas podem se fixar, se alongar e relaxar espontaneamente. As células gordas de tecido adiposo, necessárias para a suculência da carne, são cultivadas separadamente e depois combinadas com as células musculares. Em teoria, uma única vaca poderia assim fornecer a mesma quantidade de hambúrgueres que um milhão de animais abatidos fornecem hoje.
A produção de carne em placas de Petri ainda não é comercialmente viável, mas Post espera, eventualmente, dimensionar o crescimento das células em pequenas esferas e adicionar uma terceira dimensão necessária para um bife suculento, que forneça uma boa quantidade de nutrientes.
Os nutrientes poderiam vir de culturas convencionais, mas Post também tem planos de usar algas, que crescem mais rapidamente, para fornecer os aminoácidos necessários, açúcares e gorduras. O resultado seria um mundo com menos animais de criação. A estratégia não só liberaria terra como reduziria a emissão de gases de efeito estufa (gados são fontes notórios de metano, um gás estufa muito mais potente que o dióxido de carbono). Além disso, não é necessário matar uma vaca para obter células-tronco dela, o que é feito através de uma simples biópsia. Isso pode significar que vegetarianos em breve serão capazes de desfrutar carne também.